sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Noite-dia



As luzes negras florescem
do barro
abandonado no jardim

as folhas secas, cor
violino
música fúnebre que
se desgasta

num poema cantado
pelos pássaros.

Vagueiam sombras de
memórias, amores
perdidos nas águas
de uma fonte já seca.

Os elementos que se quebram
nos olhos cegos do passado.

Uma criança que cai na terra,
o grito agudo que se perde na voz.

O vento
que abafa o som das lágrimas.

Acorda: és Outono que morre, 
Inverno que seduz
as gotas de orvalho adormecidas
na árvore.

A criança levanta-se. Está tudo bem.

A chuva limpa
os vestígios de lama
(ou serão de dor?)

e um sorriso que renasce de uma
inocência que não conhece a face
mais fria do tempo.


O grito agudo que se perde na voz.


Seraphine.

2 comentários:

Anónimo disse...

Acho que te ficava bem aqui o teu texto "Sonho" > Amor Semente... Tudo a ver :P!

Continua ;P

Pedro disse...

Uma vez deixaram-me ler, deram-me esse privilégio, o referido texto, Sonho. Também eu partilho da opinião que deveria figurar neste espaço.
Nada contra este poema que foi aqui colocado, pelo contrário, também gostei muito.

Beijinho e obrigado por nunca me teres dito que tinhas um blog.